segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Suicídio - Um direito do ser humano




Segunda feira de carnaval. Pouca coisa ou até mesmo nada para fazer. Ir pra rua nem pensar.

Praia? só curto quando tá meio vazia...daqui a uma semana vai ficar legal e vou poder voltar a fazer minha caminhada. Eu e os tatuís.

O jeito então foi ficar fuçando internet e Orkut. Uma comunidade que eu não entrava há algum tempo hoje me chamou a atenção. Eu sempre entrava na Profiles de Gente Morta pra ver o perfil de alguém que tinha morrido e que tinha virado notícia por alguma razão. Mas hoje entrei pra ver quantos o carnaval já tinha matado (sadismo misturado com pura desocupação mesmo).


Corrí o mouse pelos links da galera que tá comendo capim pela raiz e notei a cacetada de gente que tirou a própria vida. Sim, os 'habituès' da comunidade não só noticiam a morte, como também cagoetam quando se trata de suicídio. As vezes botam em letras garrafais.


Comecei a ler o perfil dos (vários) usuários que tinham se matado nos últimos dias. Ví então como tem gente suicidando diariamente. Sinceramente eu julgava esse número menor. Achava que era coisa rara. Foi quando lembrei que só na minha família tive a oportunidade de acompanhar (não, eu nao estava junto) a notícia do suicidio de dois jovens primos. Um lá de Minas Gerais já há quase 20 anos e um mais recente há cerca de dois meses.


Suicidio nunca foi novidade e me parece que virou moda de vez. Pelo menos entre os jovens.

Eu não sou contra o suicídio. Entendo que é um direito do ser humano tirar a própria vida.

Até porque seria no mínimo inútil punir um indivíduo através da lei por ter suicidado. (nesse momento começo a rir imaginando alguém chamando a polícia e levando o defunto pro xadrez por ter suicidado)


O problema do suicídio mais uma vez nos remete à religiosidade, tema que eu detesto né...

Alguém um dia disse que tirar a própria vida (só papai do céu pode dar e tirar a vida) era pecado mortal e todo mundo acreditou.


Penso que o cara que resolve se matar é extremamente corajoso ou completamente doente. Eu, por exemplo, talvez jamais tivesse coragem de me matar. E esse é o termo que usaria para comigo: coragem.


Outro dia precisei fazer acupuntura em mim e quase morrí. Fiquei sem entender como meus pacientes gostam de minhas agulhadas e ainda me pagam pra isso.

Imagine então eu dando um tiro na cabeça, me enforcando com uma corda, cortando os pulsos, tomando chumbinho.....sei lá mais como.

Eu não curto sofrer.


Mas taí....sofrimento. Eu falei de tantas formas terríveis de se matar, mas não falamos do sofrimento imenso pelo qual essas pessoas deviam estar passando para optar por uma morte decidida.


O suicídio é arriar o jogo! é baixar as cartas e falar: Não to mais a fim de jogar! E ponto final.


E qual o problema nisso?


O problema é que se matar é contra as leis de papai do céu....papai do céu não gosta de meninos que se cortam, que comem coisas que matam ratos, nem que se penduram no chuveiro até ficar com a boca aberta e a lingua pra fora.

E se o menino ainda assim fizer, papai do céu vai ficar tão puto, mas tão puto que não vai querer esse menino perto dele e vai mandá-lo para um lugar de sofrimento eterno chamado de inferno, porque só papai do céu, esse sádico filho duma p***, pode determinar quem morre e quem vive.


Papo pra boi dormir.


Eu jamais queria ter ou passar pelo sofrimento pelo qual leva uma pessoa a tirar a própria vida. Porém acho legítimo o direito da pessoa de não querer passar por tal sofrimento, ao qual a mesma julga ser insuportável.


Acho que há um grande momento crítico pelo qual um ser humano passa, onde esse tipo de atitude pode acontecer. Já lí relato de alguns suicidas (não, nao baixou nenhum perto de mim....estou me referindo a Orkut de alguns deles, portanto, ainda estavam vivos) e não notei na maioria deles qualquer indício que pudesse me levar a apostar que esse ou aquele teria tendencias suicidas.


Recentemente perdí minha mãe, conforme retratei para todos que frequentam meu blog.

Confesso que por muitos momentos perdí o sentido da vida.

Admito que me passou pela cabeça perguntas como: que que eu to fazendo aqui a partir de hoje?


Eu poderia ter optado pelo suicídio num momento de pura racionalidade.

Eu diria que até me ventilou isso pela cabeça. Mas pra mim, isso é uma idéia que passa longe.

Eu tenho tanta bronca da morte que pra ela me levar, vai ter que ter uma justificativa bastante razoável.
Eu já falei aqui da sensação de vazio mesmo quando rodeado por muitas pessoas.
Deve haver momentos ainda piores, onde o vazio maior se mostra mais favorável que o próprio convívio com o ser humano.
O suicida é um cara que encheu o saco da vida. Ele não quer mais passar pelo que está passando e qualquer sofrimento parece pequeno perante o que ele está sentindo. E o que ele quer é acabar com aquilo.
Se o sofrimento acaba com a morte ou se a morte acaba com o sofrimento? não sei....ainda não morri pra saber. Assim como também não posso afirmar que levamos o sofrimento junto, se ele aumenta ou se ele diminui.
Deixo essa tarefa para os religiosos de plantão continuarem ganhando seu justo e merecido dízimo, determinando aos leigos o que eles devem ou não fazer.
O que eu sei do suicida é que jamais o veremos novamente. Do mesmo jeito que não mais veremos o Joãozinho que foi arrastado pelos bandidos ou então o Mario Covas que morreu de cancer. Nenhum de nós nunca mais os veremos.
E, cá pra nós...meu exemplo foi sem querer, mas até que veio bem a calhar.
Entre morrer arrastado por um carro por 7 km, sofrer com um cancer lhe comendo as visceras por dentro e detonar uma capsula de 38 na cabeça....acho que o suicida saiu ganhando.
- ah, Herege....mas e depois? e depois que o suicida morre...já imaginou o que acontece com ele?
Depois? depois você abre a sua bíblia e continua dando dinheiro pro seu pastor.
Mas entendo que acontece o mesmo que acontece com todo mundo que morre. Nunca mais é visto andando pelas ruas da cidade e fica isento de impostos como todo morto de qualquer espécie. O resto é apenas superstição.
P.S: Esse post não tem a intenção de incitar pessoas ao suicídio, mas sim de dar uma opinião a respeito de um assunto polêmico.
Atenção: Esse site é melhor visualizado por quem não tem medo de enxergar