sábado, março 14, 2009

Lei de Deus???


Qualquer meio de comunicação que se preze deve trazer (ou ao menos tentar) as notícias e/ou informações com o mínimo de paixão possível. E, na minha singela opinião, com um blog não deve ser diferente. Entretanto, alguns assuntos mexem tanto conosco que tentar comentar de maneira inteiramente racional é tarefa das mais árduas.

Com efeito, quando um fato quase surreal se apresenta, se isentar dos sentimentos para abordá-lo é quase tão difícil quanto acertar uma cesta do meio da quadra num jogo de basquete. E se o fato ainda for polêmico, tanto pior.

Vejamos pois a última e mais estranha (para dizer o mínimo) decisão da Poderosa (sic) Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil.

Por muitos anos, sobretudo no mundo ocidental, o poder da Igreja era praticamente ilimitado. Em alguns casos (e algumas monarquias) o próprio Rei se punha abaixo do clero em suas decisões. Com o passar dos anos tal poder se viu diminuído (bendito seja Martinho Lutero), mas a herança cultural de poder e controle não se extinguiu.

Mas deixemos de lado os fatos históricos e retornemos ao objeto deste post.

Certamente muitos dos leitores deste blog acompanharam o caso da menina pernambucana de 9 anos, grávida do próprio padrasto, que teve a gravidez interrompida pela competente equipe do Dr. Rivaldo Mendes de Albuquerque. Mais ainda, estou certo que muitos dos que nos prestigiam neste veículo também tiveram ciência da decisão da Arquidiocese de Recife de excomungar toda a equipe que participou do procedimento.

Sendo assim, vamos aos fatos:

1º- a menina em questão tinha apenas 9 anos e vinha sendo estuprada pelo padrasto desde os 6 anos;

2º- o padrasto confessou o crime e está preso;

3º- tratava-se de uma gravidez gemelar e de alto risco para alguém com tão pouca idade;

4º- o ordenamento jurídico brasileiro só permite o aborto em caso de risco de vida para a mãe (terapêutico) e em caso de estupro (legal), isto é, estava duplamente permitido para o caso em tela;

5º- toda a equipe que atuou no procedimento de interrupção da gravidez foi excomungada pela igreja, mas o padrasto não.

Vale ressaltar, ainda, a declaração de dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife (PE), responsável pela excomunhão: “lei de Deus está acima de todas as coisas”.

Trata-se de uma declaração no mínimo curiosa, principalmente se levarmos em consideração o quanto se matou em nome de deus (sic) durante a história, mas não vamos entrar neste mérito, ao menos não nesse post.

O que mais intrigou nessa decisão “religiosa” é a medida que se dá às atitudes. Eu explico a seguir.

O padrasto, que cometeu o crime bárbaro de estuprar uma menina de seis anos, sistematicamente, não recebeu o castigo da excomunhão pois, para as leis da igreja, este é um ato “menos grave” do que praticar o aborto, mesmo que seja para salvar uma vida. Sendo assim, só nos resta uma triste conclusão: mais vale estuprar e violentar do que salvar uma vida (na visão da igreja, que fique claro).

Fiquei pensando onde estaria o bom senso católico neste caso. Deve ter ficado lá na Idade Média, com os Tribunais da Santa Inquisição. E ainda, como alguém que estupra e violenta tem valor maior do que quem salva uma vida? Parece que a Igreja não quis abrir um precedente, pois uma vez excomungado um estuprador (ou violentador), muitos padres teriam suas cabeças colocadas a prêmio (e antes que alguém se manifeste, basta ver as estatísticas de quantos padres são acusados e presos por estuprar e violentar crianças ao redor de todo o mundo).

Para finalizar, ficamos com mais uma bela declaração do nosso sensato dom José Carlos Sobrinho: “A excomunhão não é permanente. Se se arrepender, a Igreja perdoa”.

Cada um tem o líder que merece.

Fraternais Abraços.
Porthus.

5 Quem ama Comeeeennnttaaaaa:

Anonymous Anônimo said...

"Meu caro, você tem que entender... O padrasto se arrependeu e pediu perdão ao tão poderoso deus!"
Hahaha... É uma baita putaria, hipocrisia e falta de vergonha mesmo essa religião. Gostei do post!
Só não comento algo mais longo porque tenho meninas de 6 a 9 anos para estuprar!
Fui!

12:57 AM  
Anonymous Anônimo said...

Faltou dizer uma coisa... LULUIA GZUIZ!
Ok. Agora fui.

12:59 AM  
Blogger Benefícios Previdenciários said...

Assim vocês vão parar no inferno. rsrs
Deus está vendo...rsrsrs

9:42 AM  
Blogger Débora L. Freitas said...

“A excomunhão não é permanente. Se se arrepender, a Igreja perdoa”.
Só quem pode se arrepender ali é a mãe da guria por ter esclhido um parceiro tão podre.
Mas seguindo essa lógica antiquada da igreja, a conta é simples: se a gravidez continuasse, tanto os bebês quando a menina morreriam, quase que certamente. Com o aborto, morrem só duas "crianças".

São declarações absolutamente desprezíveis. Se não servisse pra, de alguma forma, desmascarar o Catolicismo e as religiões, esse tipo de declaração nem mereceria espaço na mídia. É um absurdo que nem um completo doente mental diria.

11:20 AM  
Blogger O Herege said...

Eu não sou católico, não sou crente, não sou batizado, nem tampouco comunguei.
Se eu estuprar minha enteada, devo receber uma viagem de primeira classe para as Bahamas ou devo servir de 'namorada' pro Fernandinho Beira Mar?

4:47 PM  

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