quinta-feira, maio 10, 2007

Quem Somos Nós? (What the Bleep do We Know?)



O filme com o singelo titulo de "Quem somos nós", na verdade teria uma tradução mais fiel se fosse "Afinal, mas que caráio nós sabemos?" . Essa seria a tradução mais literal da versão original.

Mas alguém sabiamente nos poupou disso.


O filme não chega a ser polêmico porque não fala nada novo de fato. Tampouco faz levantar de suas tumbas os adeptos ao cristianismo ortodoxo, ao kardecismo, hinduismo e outros ismos...


O fime se baseia na fisica quantica.


A fisica quantica não é na verdade uma ciência.


A física sim é uma ciência. E ciência exata.


A quantica é uma aspirante eterna, uma vez que se baseia apenas e tão somente nas probabilidades e nas possibilidades.


Aliás, é lugar mais do que comum dizer que "tudo é possível àquele que crê".


E talvez isso esteja certo.


É fato que tudo primeiro acontece na nossa cabeça antes de tornar-se realidade. E não é necessário ser nenhum místico de plantão para assumir isso. Basta observar.


Porém o filme abusa de tornar isso profundo. Tão profundo que acaba caindo no misticismo e até mesmo dando ares de 'seita'. Daí o perigo.


Como diria Nietszche, o fanatismo é a unica forma de otimismo e força de vontade acessível aos fracos.


E o que mais tem é gente fraca de cuca. E esse é o público alvo.


Não, não quero censurar o conhecimento que o filme intenciona trazer.


O que coloco é a que nível substancial o conteudo pode ou nao afetar pessoas dos mais diversos niveis de entendimento e compreensão.


Ora, mas existem cientistas renomados se expondo durante o filme, alguem pode dizer.


E eu digo que também há uma lunática que atende pela alcunha de Ramtha que diz receber canalizações de entidades lemurianas (!!!!)


Sim, a 'cientista' recebe um santo lemuriano! Vejam que chique!


Trigueirinho e Ergon (quem não conhecer procure no Google) devem estar assim: - Puxa vida...por que não tivemos essa brilhante idéia antes?


Emfim, um filme que tinha tudo pra ser de fundo cientifico, acaba caindo na perigosa malha do misticismo barato por causa de alguns detalhes que realmente acabam estragando toda uma resenha.


A idéia de um pensamento plasmado tornar-se real num futuro próximo (ou nem tão próximo assim) ou então de sugerir que nossos pensamentos são os responsáveis por tudo que acontece à nossa volta é algo a ser pensado.


Alguém pode dizer que tem um primo que foi atropelado e ficou tetraplégico, e que ele nunca quis isso pra ele nem na mais remota possibilidade.


A pergunta então é: será que ele por ter tanto medo disso acontecer, e devido a esse medo ter feito uma espécie de sugestão invertida ao seu cérebro?


Ok, ok....com base nisso alguns amigos meus vão começar a mentalizar fazer sexo com a gorda dona da padaria da esquina pra ver se no final acabam traçando a Carolina Dieckman...


O bagulho é tão doido que fica difícil até mesmo negar os fatos.


Negar um boato é mais complicado que disseminá-lo.


Sim, como toda crença. E essa, por não ter a menor comprovação (afinal, a fisica quantica é a fisica das possibilidades...) também habita o terreno das crendices.


Você pode assistir a esse filme e achá-lo fantástico a ponto de começar a guiar a sua vida por ele.


E quem sabe pode até dar certo! A fé remove montanhas, não é mesmo?


Sim, remove...principalmente se você for até a montanha e catar um punhadinho de terra todos os dias. E se você não for preso por algum fiscal do IBAMA antes disso acontecer. (concorda Matanay?)


Eu não to aqui pra dizer que o filme é uma bosta ou que é maravilhoso.


O filme é interessante e acaba passando uma coisa boa. Eu gostei de assistir e o assistí 5 vezes. (caraleo, eu sou mesmo um desocupado!)


O grande detalhe foi que na primeira vez eu achei que tinha descoberto a pedra filosofal da minha vida.


Na segunda vez eu tive CERTEZA disso.


Na terceira vez eu comecei a indicar para os amigos e até mesmo emprestar a minha cópia particular (sim, eu fiz questão de ter uma só pra mim).


Na quarta, eu resolví me abstrair e comecei a enxergar toda uma forma de envolvimento que o filme passa e contamina àqueles que estão vazios de esperança.


Na quinta eu percebí que há poucas diferenças entre assistir ao filme e comparecer aos cultos da Igreja Universal.


Não que o filme seja assim tão inútil (risos). Pelo menos não há dizimo no final (mais risos).


Mas é que rola uma lavagem cerebral, há contradições, repetem-se muitos detalhes à exaustão e a coisa ganha ares de seita realmente.


Como tudo na vida, devemos tirar proveito do que é bom e até mesmo do ruim.


Apenas sinto pena daqueles que venham a investir fundo em suas vidas particulares algo que viram em uma produção pretenciosa a nível intelectual, mas que falha (e muito) no carater cientifico da questão.


Juro por 'deus' que se algum dia advir uma seita baseada nos relatos desse filme, eu também montarei uma igreja. Inventar histórias é comigo mesmo.
Obs: O filme como "filme mesmo" precisa melhorar muito pra ficar suportável.


Alguém já viu esse filme e quer comentar?


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