domingo, setembro 09, 2007

O Direito Ateu







Essa imagens acima podem soar bonitinhas para muita gente. Analisadas sem paixão até são mesmo.
Jogadores de futebol após alguma conquista, oram ao filho falecido do carpinteiro da Galiléia pela glória alcançada.
E o inimigo derrotado, tirou a camisa e mostrou qual estava embaixo?
Não, os derrotados não fazem isso.
Mas eu posso ficar imaginando aqui alguma boas frases para essas ocasiões. Por exemplo:
a) Jesus me fudeu a vida!
b) Porra, Deus......Caraleo!
c) I Hate Jesus because he's French! (Odeio Jesus por ele ser Francês - bem adequada à ultima copa)
d) I Belong to Jesus É O CACETE! (Eu quero é o troféu!!!)
Tudo bem, relaxemos...você deve estar rindo das loucuras do Herege, mas o assunto é sério.
Não é ato democrático despir-se da camisa nacional numa final de Copa do Mundo para louvar o seu deus (particular) na frente das cameras que mostram aquele jogo para o mundo inteiro, e assim sendo, para todo tipo de religião.
E não interessa dizer que o cristianismo representa 90% da população brasileira.
A minoria não pode ser excluída nesses momentos de representação nacional.
Ainda mais quando essa manifestação se torna de tamanho global.
Confesso que me sentí excluido naquele comemoração do Pentacampeonato.
Achei uma puta falta de respeito para comigo que torcí tanto para que o Kaka ou o Edmilson jogassem bem para ganharmos da Alemanha.
Aí no final eles rancam fora a camisa da seleção e botam uma agradecendo a Jesus pelo feito alcançado.....e a minha torcida, fica onde???
Não vi nenhuma camisa escrita: Obrigado, Senhor Herege, pelo pensamento positivo enviado!
A fé, todos sabemos, deixou de ser ‘uma questão de opção de foro íntimo’, como se dizia antigamente, e passou a ser um segmento da indústria cultural.

As teleigrejas se manifestam (e existem) como propagandas de si mesmas. Para elas, a propaganda não é a alma do negócio: a propaganda é sua razão de ser.
É de sua natureza a propensão a ocupar todos campos da visão social.
Acreditam que, assim, cumprem seu papel e exercem seu direito. Muitas vezes, porém, invadem o direito de outros e seus fiéis mal se dão conta.
Um atleta que se declara diante das câmeras como alguém que ‘pertence a Jesus’ está apenas exercendo o direito de professar sua fé.
Mas, quando ele se furta à representação oficial da qual foi incumbido, a de vestir o uniforme da seleção brasileira, num evento oficial, e se aproveita das câmeras para promover um determinado culto, comete um abuso. E exclui, com esse gesto, os outros brasileiros que porventura não comunguem da mesma fé.
Mesmo sem querer.
Vivemos uma era de multiplicação de teleigrejas. Deveriam ser templos mais plurais, mais arejados, mas não são.
Ao contrário, são templos de intolerância. A fé que só existe como espetáculo supõe-se um sentimento total e não admite contestação. A simples idéia de que não há unanimidades nem Maomé, nem Buda, nem mesmo Cristo é entendida como uma hedionda heresia pelas teleigrejas.
A mera existência de um ateu se torna uma ofensa. Apenas para efeitos de raciocínio, imagino a seguinte cena: após a vitória do Brasil sobre a Alemanha, um jogador abre um estandarte onde se lê ‘Viva o ateísmo!’.
Provavelmente seria expulso de campo. E, no entanto, não estaria cometendo uma deselegância maior do que essa que foi cometida pelos propagandistas de Jesus.
Eu ja contei aqui o dia que li no vidro traseiro de um carro: "Foi Deus que me deu" ?
O sentimento é muito parecido.
O cristão em alguns momentos (muitos, na verdade) deveria sentir um pouco de vergonha de tudo isso.
E, deus, esse ser sem culpa alguma, um dia se orgulhará de realmente não ter existido, não tendo sido portanto responsável por essas práticas circenses.

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