domingo, novembro 25, 2007

E se John Lennon não tivesse morrido?

" All we are saying, is give peace a chance....but....Fuck off "


Bem, sinceramente eu não sei como estaria nosso mundo hoje. E nunca vou saber.
Não vou saber porque Lennon foi covardemente (melhor seria loucamente) morto em 8 de dezembro de 1980 e nada mais pôde fazer por nenhum de nós.
Enquanto pôde, Lennon lançou-se à frente e deu a cara pra bater incomodando políticos poderosos do mundo inteiro. Mais especificamente dos Estados Unidos, local (mal) escolhido por Lennon para viver.
Ok, existem lendas urbanas de que Mark Chapman ( o louco que atirou em Lennon) estaria a serviço da C.I.A...
Bobagem? Talvez...provavelmente Lennon não incomodava tanto assim à C.I.A e até mesmo tivesse grandes fãs lá dentro.
O fato é que Chapman matou Lennon e este nada mais pôde fazer deixando o planeta Terra órfão de um guardião.
Talvez as coisas estivessem diferentes se Lennon estivesse vivo.
Bem, pra começar, Lennon hoje estaria com 67 anos. Um "senhor".
Talvez não fumasse mais. Talvez não estivesse mais amando Yoko Ono.
Talvez não deixasse McCartney falar as bobagens que diz vez por outra...(pra quem não sabe, Paul McCartney quando se cala é um verdadeiro poeta - e isso não é uma opinião isolada. Existem grupos que defendem a tese que Paul deve ter dado uma festa pra comemorar a morte de Lennon.)
Lennon foi um grande presente para a raça humana.
Eu não vou ficar aqui descrevendo o músico, muito menos a pessoa. A internet está repleta de textos falando disso.
Eu vou deixar Lennon falar...coisa que ele não faz há 27 anos.
Por favor, silêncio.
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Herege, nosso mundo hoje não é tão diferente daquele que deixei.
Talvez eu tenha mudado mais.
O que vemos hoje não destoa do que acontecia na decada de 70 ou na de 60.
Governos corruptos, politicos aproveitadores....desde quando isso existe?
Ora...desde que o mundo é mundo.
A mesma violência que tirou a minha vida é a que tira a vida de milhões de pessoas e ninguém fala nada.
A diferença é que eu era John Lennon e que meu assassino virou uma personalidade viva, enquanto eu virei uma personalidade morta. Mas ambos seremos lembrados no mesmo capítulo da história.
Acha que Mark Chapman era diferente de outros assassinos? Mark atirou em mim por um motivo torpe....mas existe um motivo "nobre" pra se atirar em alguém?
Ora Herege...as pessoas vivem seus momentos sem pensar no outro e muito menos sem pensar na coletividade.
Hoje entendo que dizer "War is Over" é uma grande bobagem e que eu devesse ter me preocupado mais em ter feito de fato alguma coisa para mudar o mundo ou nem que seja para dar o exemplo.
Hoje dizem que a água está acabando. Eu lhe digo que o planeta sente sede há muito mais tempo.
Ficam todos apavorados porque sabem que acabando a água, pobres e ricos se nivelam no estado de pobreza e miséria. O ouro pra nada servirá.
Pura hipocrisia pensar diferente.
Acha que eles estão preocupados com a sua água que está acabando? Logico que não.
Mas estão preocupados em botar a culpa em você e nas demais pessoas.
Sempre fizeram isso.
Veja na história do mundo.
Quando os que detêm o poder não sabem o que fazer depois que o "angú desanda", eles se unem ao povão e botam a culpa nos pobres. Sempre foi assim e agora não está sendo diferente.
Na verdade estão incomodados em como continuar enchendo suas mega-piscinas com água mineral e não com a que você vai dar de beber ao seu filho.
A paz que eu tanto clamei na verdade é uma grande utopia.
O que é viver em paz?
Ora, viver na paz absoluta é o não viver. Talvez eu tenha encontrado a minha paz particular através de Mark (risos).
A paz, sendo o contra-peso da guerra, só pode existir diante da mesma.
Você entra numa casa e vê todos muito quietos. O cachorro da casa não late.
A avó, está sentada à beira da lareira tricotando. Nada fala.
Os netos não a perturbam. Estão quietos diante da televisão assistindo desenho comendo paçoca.
A mulher da casa está ao fogão preparando o jantar para o marido que vai chegar do seu justo trabalho do dia...
Essa cena que te descreví acontece em inúmeros países pelo mundo, e é bastante comum.
Assim como é comum o alto índice de suicídio nesses mesmos lugares.
O excesso de paz traz uma inquietude improdutiva, Herege.
Enquanto quando há uma desarmonia (se você assim quiser chamar a guerra) há uma inquietude produtiva que acaba trazendo não só a solução, mas junto com ela um dinamismo que bota nossas cabeças pra se mexerem, não permitindo assim o estado de prostração. E, claro, o alívio de todos os sintomas do estado de guerra. Quase uma euforia.
Não há porque ser contra a guerra. Mas sim, a favor da paz.
Paradoxal? Não ... apenas uma forma de colocar a palavra no seu devido lugar.
Mark Chapman talvez tenha feito um grande favor à humanidade ao tirar minha vida.
Hoje eu estaria vendendo bem menos discos que há 30 anos atrás (e estivesse chateado com isso), não teria me tornado o mito que me tornei, as pessoas que acreditavam que eu pudesse fazer alguma coisa talvez estivessem decepcionadas comigo...e você não estaria perdendo seu tempo escrevendo sobre mim.
Repito, há muitos "Chapmans" matando pessoas diariamente e ninguém faz nada.
Mas aquele Chapmann matou John Winston Lennon. Ele matou uma lenda até então viva.
E muito provavelmente não esteja arrependido disso.
A sua saudade não é diferente da dele. O que os difere é que Mark fez parte da minha vida e da minha morte, enquanto outros fãs comuns apenas fizeram parte da minha vida.
Mark determinou a minha "hora de parar". Talvez tenha me feito um favor.
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Após escrever esse texto e lê-lo algumas vezes, hesitei outras tantas em publicá-lo.
Pode parecer um atentado à imagem de Lennon que eu tanto prezo.
Mas procurei entender o texto como um aviso de que "não há martires suficientes no mundo" e que "sempre estaremos buscando uma paz que não existe".
Mark Chapman matou Lennon porque era um fã.
Eu nunca ví Lennon pessoalmente e não sei qual seria minha reação ao vê-lo. A de Chapmann foi dar 3 tiros.
Lennon uma ocasião disse que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. E o único erro dele talvez foi ter dito a verdade.
Três balas atingiram Lennon. Uma pelo pai, outra pelo filho e a última pelo espírito santo.
Coincidência?
Amém...
(pensem o que quiserem...)
P.S.: Esse texto não tem a intenção de fazer uma 'pseudo-psicografia' de Lennon, mas apenas a de tentar buscar a memória de uma pessoa que não está mais conosco, transportando-o para os dias de hoje.


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