CAZUZA - O Burguês Revoltadinho

Que me perdoem os fãs mais alucinados, os saudosistas entusiasmados. mas vou continuar dizendo o que eu penso.

Sinceramente não sei onde a mídia quer chegar com o nome CAZUZA.

Viví intensamente a época em que Cazuza, ou melhor, Agenor, era cantor(?) de rock nacional.

Cazuza caiu de para quedas numa banda já formada pelo excelente guitarrista Roberto Frejat que apenas precisava de duas coisas pra se lançar no mundo.

Um vocalista maluquete que soubesse gritar (palavras de Frejat) e que de preferência tivesse, digamos, uma boa conta bancária por trás.


E ele tinha isso (eu sou burguês mas eu sou artisssstaaaaaaa...).
Cazuza era filho de um dos empresários da Somlivre, o senhor João Araujo.
Foi criado misturado com os novos baianos circulando e acampando por dentro de sua casa.
Imaginaram a 'marola' né...hehehe

Cazuza era na verdade um letrista "meia boca", com dicção e voz duvidosas pra cantar.

As canções assinadas posteriormente por Roberto Frejat, fizeram do Barão Vermelho uma grande banda de rock (sem brilhos excessivos também) exatamente após a saída de Cazuza da banda.

Frejat nessa época já não aguentava mais as letras alucinógenas do menino Agenor.

Cazuza usou drogas a dar com o pau, isso é fava contada e todo mundo sabe. Nem a família dele esconde isso.
Só isso bastaria para não se tocar no assunto querendo o elevar a condição de ídolo da juventude. Ainda mais no mundo de hoje que tanto sofre com esse grande flagelo.







Cazuza quando ainda era um desconhecido, teve uma amizade muito íntima com Ney Matogrosso, um grande ícone da MPB.

Não preciso dizer que Ney nunca escondeu de ninguém a sua homossexualidade. Nem Cazuza no reto final na reta final...
Mas o fato dele ser gay ou não é o que menos importa. Se é que isso importa até mesmo em ser citado. (já fiz matéria sobre homossexualidade e todos sabem a opinião desse blog a esse respeito)

Cazuza também bebia horrores. Há quem garanta que bebia mais do que usava drogas.

Cazuza morreu de AIDS numa década onde AIDS matava um músico a cada semana.

Mas acho que a mídia deveria ter mais cautela quando se eleva à condição de ídolo alguém que pregava o "exagero" (aliás, alguém aqui sabia que a autoria da canção Exagerado pertence à Leoni - ex Kid Abelha?) e a total falta de cuidado no sentido sexual da vida...

Mas onde quero chegar com isso?
Quero afirmar o seguinte. Afirmar que Cazuza no máximo merecia um filme sobre como não se comportar na vida.

Merecia um filme no estilo Cristiane F.

O cara morreu em 1990...estamos em 2008.

Tem jovem de 18 anos que ouve Cazuza hoje, anda com camiseta estampando o rosto dele e não sabe da missa a metade.

Às vezes me pego assistindo a um programa de TV onde a senhora mãe desse cidadão vem à público falar de seu filho como se estivesse falando de algum avatar, de alguém que morreu pra tirar uma criança dos escombros do W.T.C, de alguém que levantou uma Copa do Mundo fazendo 5 gols na final, de alguém que presidiu os E.U.A e mandou tirar as tropas do Iraque, de alguém que ganhou o Nobel de Ciências, sei lá....

Mas não...ela está falando de CAZUZA!!!

Putaquepariu....gente, na boa...eu não queria o Cazuza nem como vizinho de bairro!

Cazuza jamais pode ser lembrado como um ídolo de uma geração.

E eu quero respeito com a minha geração, pois é dela que falam no filme dedicado a ele.

Os anos 80 foram muito ricos em bandas que realmente influenciaram a todos nós até hoje.

Posso citar a Legião Urbana como uma excelente referência dos anos 80/90.

Renato Russo. Esse sim um grande compositor, intérprete e musico. (que também tinha o hábito de sentar na mandioca, e daí? tão vendo como não tem nada a ver uma coisa com a outra? - risos)

A Legião Urbana mudou comportamentos, fez muita gente querer aprender a tocar um violão (eu fui um deles), levou muita gente a mega shows, influenciou outras bandas e se recusou a tocar no Rock in Rio 1 em janeiro de 1985 quando soube que não teria o direito de "passar o som", tarefa básica para uma banda se apresentar com alguma dignidade, mas que na época só foi permitido aos artistas internacionais...enfim, os caras tinham personalidade.

E agora vem com filme de Cazuza???

Sim, fizeram um filme do cara há poucos anos atrás. Tenho amigos adolescentes que viram e falaram: " Caraleo Herege...o cara era foda né?"

E eu respondo: " Não, seu arrombado....ele era um fudido....um infeliz que se destruiu e se isso serve de exemplo pra você, convém você mudar seus critérios..."

Um cara que faz uma música dizendo que só as mães são felizes, associada a uma letra ridícula?

Sim, também tem música falando de deus.

Hora fala de deus como se ele fosse um bicho numa gaiola de deus...hora canta dizendo que o faz em inspiração a deus. Tem música que só falta mandar deus ir tomar no cu e em outras parece um membro da Assembléia de Deus...

Um cara que escreve que é burgues mas é artista, numa nítida intenção de querer ser perdoado por ter dinheiro. Ah, num foooooode...

O próprio filme mostra que as poucas composições que fez, o fez sob efeito de alucinógenos e buscando inspiração (eu ia botar plágio, mas odeio esse nome) em livros de poetas desconhecidos do grande povão, mas nem por isso pouco brilhantes.

Eu poderia ficar aqui escrevendo horas sobre o menino Agenor, mas vou ficando por aqui.

Do filme vale a boa interpretação do ator (esquecí o nome dele) que se transfigurou de Cazuza. Segundo o próprio, ele teve que quase incorporar Cazuza para dar uma fidelidade completa ao personagem.

Torço para que não tenha havido maiores sequelas ao jovem ator...

Obs: Essa matéria foi inspirada num blog que eu tinha há alguns anos, de onde foram tirados alguns trechos e imagens. Porém todos de minha autoria particular.

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