A Fé nossa de cada dia nos dai hoje

Cena 1: Um evangélico aprende desde criança que temos um deus que adora ser louvado. Que ele nos deu o seu filho único para nos salvar com o seu sangue derramado na cruz.
E que assim sendo, todos nossos pecados estarão perdoados se nele crermos e seguirmos suas diretrizes, sejam elas dúbias ou não. O evangélico crê piamente nisso e enterra seus mortos com a certeza do reencontro com seus entes queridos após um suposto juízo final. Ou seja, a morte é um afastamento temporário imposto por deus onde você é julgado bonzinho ou malvado. Se você foi um grande safado mas aceitou Jesus como seu salvador, será salvo e desfrutará das benesses de um suposto paraíso. Se você foi um sujeito decente, que não causou problemas à sua sociedade, que honrou seus compromissos e respeitou seus semelhantes porém ignorou o cordeiro de deus como seu salvador, seu destino certo é o caldeirão do capeta.
Essa é a fé dos evangélicos. Ela conforta aos mesmos. E joga os demais na latrina do peso da consciência. Afinal, ta tudo lá na palavra de deus....(sic).

Cena 2: Um kardecista chora a morte de seu filho único afogado na piscina de casa durante um churrasco no qual pai e mãe tomaram todas as Skols do mundo e assim sendo, ninguém lembrou de segurar a onda do pentelho.
Durante o sepultamento, toda a família kardecista lamenta a morte prematura da criança.....porém todos admitem que aquele ser viveu tão pouco devido a um resgate ‘cármico’. Era necessário que vivesse tão pouco e que até mesmo fizesse sofrer a alguns familiares para que um resgate coletivo ocorresse e que , mesmo assim, em breve, esse atual cadáver, voltaria a fazer parte da família nascido do ventre de algum familiar próximo ou até mesmo dos mesmos pais. Não raro isso acontece conjuntamente à uma psicografia na qual algum espírito ‘de confiança’ dá o seu parecer sobre o caso como se fosse uma testemunha ocular do fato. E todos ficam aparentemente resignados e, por que não, até mesmo satisfeitos com o ocorrido.
Essa é a fé do espírita kardecista.

Cena 3: Um devoto de Maomé não se incomoda em amarrar 60 kilos de dinamite ao corpo e mandar um shopping inteiro pelos ares matando milhares de pessoas inocentes ou não.
Muitos fazem isso para defender a sua fé e a sua ‘terra’ de ditos invasores.
Com isso ele mostra a sua fé no Islã, orgulha a própria família, vira herói e, claro, garante sua vaguinha no paraíso islâmico indo morar num palacete de ouro comendo 213 virgens por dia ( Viagra nele! ), vinho liberado e comida fresca à vontade.

(Por um instante gostaria de ter nascido nas arábias...)

Em off: Monteiro Lobato e Benedito Ruy Barbosa tiveram a quem puxar ou sou eu que preciso beber mais?

Eu entendo que não se deve puxar a escada de quem está trocando uma lâmpada no poste, assim como não se deve tirar a muleta de um aleijado.O mesmo se aplica a tirar a fé de quem a tem.

A fé te livra de alguns sofrimentos. É doce e confortável achar que vamos ver nossa vovó falecida muito em breve. Ela vestida com o mesmo vestido branco que costumava fazer tricot enquanto assistia ao Programa do Ratinho, fumando o mesmo cigarrinho de palha que futuramente lhe brindou com um câncer de pulmão que a levou a morrer. Doce vovó...em breve nos encontraremos. Pena que a senhora vai continuar uma velha cheia de artroses e varizes e aquelas malditas rugas que a senhora sempre tentou se livrar, mas que o seu dermatologista disse que não fazia milagres...

O evangélico convive com algo ainda mais doce (doce?). A certeza do reencontro em Cristo! Sim, vamos todos nos reencontrar no Reino de Deus, onde Jesus vai ser uma espécie de José Dirceu. Todos, claro , que aceitarem Jesus em vida como seu salvador, conforme já foi comentado. Estupradores e puritanos, vivendo na comunhão de Cristo Jesus!
Mas bobagem, isso não interessa....o que interessa é aceitar Jesus e pronto! Na verdade é tão simples como comer no McDonalds.
Ahhhh....quase que eu me esqueço de um detalhe. Existe também a ‘misericórdia’ de deus.
Sim, papai do céu tem misericórdia. Assim sendo, você pode ter um familiar estuprador, traficante, safado, sem vergonha, assassino de pai e mãe e mesmo assim existe uma possibilidade (ainda que remota) do cara ir morar no mesmo bairro que Mahatma Gandhi no dito Reino de Deus.

Mas o que fazer então? Mandar colocar outdoors espalhados por todo o mundo dizendo: “vocês estão todos loucos!” ? Não, nada disso adianta. O estrago está feito.
Tentar consertar isso agora é como tentar consertar o estrago feito nas torres gêmeas após o atentado terrorista.

Eu chego a entender que crenças e crendices são e sempre serão necessárias e que nunca vão acabar. Talvez umas dêem lugar a outras. Mas sempre existirão.
Claro que isso não quer dizer que eu tenha que eleger uma pra mim!
Pessoas sempre estarão necessitadas de se agarrarem ao invisível para justificar aquilo que sua pobre concepção ainda não conseguiu definir como óbvio e previsível.
A fé é um subproduto do medo e da falta de conhecimento. A fé enche buracos que a ciência não conseguiu (ainda) justificar. Aos poucos a ciência vai enchendo essas lacunas e o que antes era fé passa a ser fato. E vemos, com isso, alguns fanáticos bradando que “os cientistas querem matar deus!”.

Eu não sou contra cristãos, kardecistas ou islâmicos. Mas sou muito contra quem inventou tudo isso. E tenho verdadeiro asco de quem se aproveita disso para enganar o povo ignorante a fim de obter lucros incalculáveis.
Eu só tenho inveja do Bispo Edir Macedo. Mas isso é assunto pra um outro ‘post’. Cobrem-me se quiserem que eu discorra sobre a minha inveja desse santo homem.

Pobre humanidade....entre eles, eu, lógico. Um macaco sem rabo que aprender a falar e a digitar sem olhar pro teclado.

Enquanto escrevo estas poucas linhas, uma vida muito querida a mim, se esvai lentamente sem que eu saiba seu futuro (?) destino. Sinto-me fraco por não ter a fé que muitos tem e por muito pouco nesse momento poder fazer.
Mas eu optei pelo racional. Maldita pílula vermelha. (vide “Matrix”)
A ignorância é realmente uma benção.

É isso....alguém quer dizer alguma coisa? O debate está aberto.
Tenham todos um bom dia.